Opioides: Definição, Classificação e Usos

Neste artigo, vamos explicar o que são opioides, suas classificações, usos, mecanismo de ação e seus efeitos adversos.

Por Emilly Carvalho
1 min
Medicamentos Opioides

DOR: Palavra de três letras que gera muito problema na cabeça de muita gente por aí!

Você já ouviu falar em alguém “viciado” em remédio para dor? Seu médico já quis prescrever morfina para algum familiar? Você se assustou quando soube que seu colega de trabalho toma algum derivado do ópio para dores nas costas?

Desde as conversas corriqueiras até as reportagens evidenciando o grande risco de vício em medicamentos de controle da dor, nós, farmacêuticos clínicos, devemos ter domínio sobre esse assunto.

Por isso, neste texto, abordaremos os pontos mais importantes sobre os opioides, além de desmistificar o preconceito, que talvez você não deva saber que tem, contra os derivados do ópio:

 

  1.   O que são opioides
  2.   Descoberta dos opioides
  3.   Mecanismo dos opioides
  4.   Classificação química
  5.   Classificação farmacológica
  6.   Outras classificações
  7.   Efeitos adversos

 

O que são opioides?

Antes de tudo, precisamos entender o que são opioides e o que é a dor.

A dor é definida como uma sensação desagradável, que pode ser aguda ou crônica, e é consequência de processos neuroquímicos complexos nos sistemas nervosos central (SNC) e periférico.

Os opioides são fármacos que podem ser naturais, semissintéticos ou sintéticos derivados da papoula. Como exemplo desse grupo temos a morfina, a codeína, entre outros. Esses fármacos são usados para o controle de dores agudas a intensas e/ou incontroláveis e no manejo de pacientes paliativos, visando o controle da dor e maior qualidade de vida ao paciente.

O uso dos opioides para controle da dor está cada vez mais disseminado no âmbito médico, farmacêutico e ambulatorial.

 

Descoberta dos opioides

O primeiro opioide foi descoberto em 1803 pelo farmacêutico alemão Friedrich Sertürner, que conseguiu isolar um alcaloide puro, ao qual deu o nome de morfina, da papoula do ópio. A morfina é o padrão a partir do qual todos os fármacos opioides são produzidos. Um exemplo é a codeína, que é sintetizada a partir da morfina.

 

Mecanismo de ação dos opioides

Já falamos sobre o que são opioides e sua principal função: a analgesia. Mas você sabe como é o mecanismo de ação dos opioides envolvido no processo de analgesia?

Os opioides causam analgesia e controle da dor pela sua ligação a peptídeos localizados no sistema nervoso: as endorfinas, as encefalinas e as dinorfinas. Além disso, os opioides podem se ligar a receptores específicos na fenda sináptica causando agonismo ou antagonismo dos sinais.

Existem três famílias de receptores de opioides, conhecidos como μ (mi), κ (capa) e δ (delta). Cada família de receptores possui uma especificidade diferente para cada fármaco opioide. Veja abaixo as características de cada receptor:

 

  • Receptor µ (mu): a ligação nesse receptor produz analgesia supraespinhal e espinal, sedação, redução do trânsito gastrointestinal e liberação de neurotransmissores;
  • Receptor δ (delta): a ligação nesse receptor produz analgesia supraespinhal e espinal, modulação hormonal e de neurotransmissores;
  • Receptor κ (kapa): a ligação nesse receptor produz redução do trânsito gastrointestinal, analgesia supraespinhal e espinal.

 

Classificação química dos opioides

Os opioides podem ser classificados de acordo com sua função química ou farmacológica. Abaixo, será elucidada sua classificação química:

Os opioides podem ser divididos quimicamente como opioides e opiáceos. O termo opioide descreve todos os compostos que atuam nos receptores de opioides, e o termo opiáceo descreve especificamente os derivados alcaloides de ocorrência natural. Veja alguns exemplos:

  • Opioides: compostos que agem sobre um receptor opioide, ou seja, todos os componentes da classe. Ex: morfina, codeína, tramadol, oxicodona, fentanila, entre outros;
  • Opiáceos: opioides de origem natural. Ex: morfina, codeína, tebaína e papaverina.

 

Classificação farmacológica

Os opioides podem ser separados em classes distintas de acordo com a sua classificação farmacológica. Eles podem ser classificados em agonistas, agonistas mistos, antagonistas e agonistas/antagonistas mistos.

 

a)     Agonistas opioides

Os agonistas opioides são fármacos que se ligam no receptor opioide, ativando-o. Como exemplo principal desse grupo temos a morfina e a codeína. A morfina é um potente analgésico agonista do receptor μ e a codeína é um analgésico fraco, que ativa em menor proporção o receptor μ.

Outros exemplos: alfentanila, fentanila, heroína, hidrocodona, hidromorfona, meperidina, metadona, oxicodona, oximorfona, remifentanila, sufentanil.

 

b)     Antagonistas opioides

Os antagonistas opioides possuem afinidades pelos receptores opioides, porém não ativam a resposta mediada pelo receptor. Eles são muito úteis para o tratamento de intoxicação e abstinência por opioides, pois revertem rapidamente o efeito dos agonistas.

Exemplos:

  • Naloxona: usada para reverter o coma e depressão respiratória causados por intoxicação por opioides, que são efeitos adversos que podem ocorrer com a administração em excesso desses fármacos. Uso geralmente para reverter o efeito da morfina;
  • Naltrexona: possui maior duração que a naloxona e sua ação consiste no bloqueio do efeito da heroína.

 

c) Agonistas/antagonistas mistos

Os agonistas/antagonistas mistos são fármacos que estimulam um receptor e bloqueiam outro. O efeito desse grupo depende da experiência do paciente com o uso de opioides. Um indivíduo que nunca usou um opioide pode se beneficiar de um agonista/antagonista misto no alívio da dor, mas um paciente dependente de opioides pode não se beneficiar e, além disso, apresentar sintomas de abstinência.

Exemplos: buprenorfina, butorfanol, nalbufina, pentazocina.

 

Outras classificações

Os opioides também podem apresentar outras classificações, como por exemplo a classificação quanto a sua origem (natural, semissintético, sintético). Veja abaixo alguns exemplos:

  • Origem natural: morfina, codeína;
  • Origem semissintética: hidromorfona, hidrocodona, oxicodona, oximorfona;
  • Origem sintética: fentanila, metadona, tapentadol, tramadol.

 

Efeitos adversos

O uso de opioides pode levar o paciente a reações adversas, como: depressão respiratória, náuseas/vômitos, prurido, urticária, constipação intestinal, retenção urinária, entre outros.

Um exemplo de efeito adverso grave do uso dessa classe é a síndrome da abstinência por opioides.

Abaixo, estão exemplificados os sintomas que podem decorrer dessa síndrome de acordo com o tempo de ingestão do opioide:

  • Até 8 horas após a última ingestão: crises de ansiedade e súplica pela medicação;
  • De 8 a 24 horas: crise de ansiedade mais definida, insônia, distúrbios do trato gastrointestinal, rinorreia, midríase e diaforese;
  • Até 3 dias após: taquicardia, náusea, vômitos, hipertensão, diarreia, febre, calafrios, tremores, convulsões e espasmos musculares.

Por isso, devido a esses sintomas, os pacientes em dessensibilização de opioides precisam ser monitorados por uma equipe multidisciplinar, entre eles farmacêuticos e psicólogos, para que seja realizada a melhor conduta para o desmame.

Além disso, o uso inadequado desses medicamentos aumenta o risco de efeitos adversos e de síndrome de abstinência.

 

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Referências:

KATSUNG, B. G. et al. Farmacologia Básica e Clínica. 13. ed. Porto Alegre, 2017, p. 530-551.

SILVA, F. S. et al. Coleção Manuais da Farmácia. V. 1, 1. ed. Salvador, 2016, p. 144-149.

WHALEN, K. et al. Farmacologia Ilustrada. 6. ed. Porto Alegre, 2016, p. 191-203.

 

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