AINES: O que é? Para que servem? Como estudar? Guia definitivo dos anti-inflamatórios

Neste artigo, vamos explicar o que são os anti-inflamatórios não esteroides (AINES), para que servem e qual a melhor forma de estudar e memorizar os AINES.

Por Emilly Carvalho
1 min
frasco de medicamentos coloridos anti inflamatórios

Inúmeras prescrições médicas são realizadas por dia contendo algum AINE, e estima-se que 30 milhões de pessoas usam algum medicamento dessa classe por dia.

É imprescindível que o farmacêutico clínico tenha um conhecimento amplo sobre os AINES e de aspectos como: mecanismo de ação, classificação, indicações, entre outros. Por isso, o texto de hoje irá abordar alguns pontos de importância dessa classe, com o objetivo de embasar a decisão clínica do farmacêutico.

Aqui, abordaremos todos os principais pontos que você precisa saber sobre os AINES:

 

  1. O que são os AINES?
  2. O que é uma inflamação?
  3. Tipos de ação dos AINES
  4. Mecanismo de ação dos AINES
  5. Tipos de COX
  6. Classificação dos AINES quanto a seletividade pela COX
  7. Efeitos adversos dos AINES

 

 

O que são os AINES?

Para começar a estudar o assunto, é fundamental entender o que são os AINES.

Os anti-inflamatórios não esteroides (ou AINES) são medicamentos muito presentes na vida da população. Eles são medicamentos usados principalmente para o tratamento de dor, febre e inflamação (ex: dor de dente, cólicas menstruais, dor de cabeça e doenças reumáticas).

 

O que é uma inflamação?

Antes de começar o assunto sobre AINES, é necessário entender de forma clara o que é uma inflamação e como ocorre o processo de inflamação no corpo humano. A inflamação é uma resposta normal de proteção às lesões teciduais causadas por trauma físico, agentes químicos ou microbiológicos nocivos.

Durante o processo inflamatório há a liberação de mediadores para o local da inflamação, dessa forma o organismo tenta inativar ou destruir os organismos invasores e preparar o organismo para o reparo tecidual.

A inflamação é caracterizada por cinco sinais: rubor, dor, vermelhidão, calor e edema. O aparecimento desses sintomas ocorre como resultado a uma cascata de reações que envolvem um ácido graxo importante: o ácido araquidônico.

O ácido araquidônico  atua como substrato para duas vias enzimáticas: a via das ciclooxigenases (COX) e a via das lipoxigenases (LOX). Por enquanto, iremos focar apenas na primeira via, a via das ciclooxigenases, que é o ponto chave do conteúdo de AINES.

 

Tipos de ação dos AINES

Agora que já vimos o que são os AINES e o que é uma inflamação, veremos quais os tipos de ação dos AINES. Os anti-inflamatórios realizam três ações terapêuticas principais:

1) Reduzem a inflamação (efeito anti-inflamatório);

2) Diminuem a dor (efeito analgésico);

3) Diminuem a febre (efeito antipirético).

Entretanto, nem todos os AINES são igualmente potentes em cada uma dessas ações.

 

Mecanismo de ação dos AINES

O mecanismo de ação dos AINES ocorre da seguinte maneira:

A via das ciclooxigenases envolve a produção de duas isoformas da enzima ciclooxigenase: a ciclooxigenase 1 (COX-1) e a ciclooxigenase 2 (COX-2). 

A COX-1 é uma enzima constitutiva que regula os processos celulares normais, como a citoproteção gástrica, a homeostase vascular, a agregação plaquetária e as funções reprodutiva e renal.

A COX-2 é uma enzima que atua no processo da inflamação e sua expressão é induzida por mediadores inflamatórios. Logo, durante a inflamação, a COX-2 é “ativada” e, para conter os sinais e sintomas do processo inflamatório, é necessária a sua inibição.

No cenário ideal, os AINES deveriam inibir apenas a COX-2, cessando a inflamação sem inibir os processos fisiológicos resultantes da COX-1. Entretanto, muitos medicamentos dessa classe inibem tanto a COX-1 quanto a COX-2, outros são seletivos apenas para uma isoforma ou possuem seletividade moderada para ambas.

 

Tipos de COX 

Se você deseja saber quais os tipos de COX, continue lendo este artigo.

Duas isoformas relacionadas à enzima COX já foram descritas: COX-1 (PGHS-1) e COX-2 (PGHS-2).

As isoformas COX-1 e COX-2 possuem 60% de homologia nas sequências de aminoácidos aparentemente conservadas para a catálise do ácido araquidônico.

Uma terceira COX vem sendo estudada. Essa enzima, originalmente denominada COX-3, é uma variante de splice de COX-1, denotada COX-1b. A relevância dessa isoforma ainda não está clara.

OBS: O paracetamol é um AINE com atividade mais pronunciada na redução da dor e da febre, com pouca ação no processo inflamatório. Estudos indicam que o seu mecanismo esteja relacionado à COX-3.

 

Classificação dos AINES quanto a seletividade pela COX

 

  1. AINES não seletivos

Como exemplos de AINES não seletivos nós temos o ácido acetilsalicílico, ibuprofeno, naproxeno, diclofenaco, piroxicam e cetoprofeno. Esses medicamentos são usados para o alívio da dor e da febre.

Por serem não seletivos, eles causam a diminuição da inflamação, pela inibição da COX-2, mas também podem causar efeitos adversos no trato gastrointestinal (diarreia, úlcera, sangramento gástrico), pela inibição da COX-1. Pessoas que têm dor de estômago podem tomar AINES não seletivos junto a alimentos, para evitar esses sintomas.

O ácido acetilsalicílico, por exemplo, não deve ser usado por pessoas com diagnóstico de dengue, pelo risco de hemorragia, pois além de atuar como anti-inflamatório, ele também age como antiagregante plaquetário (inibe a COX-1).

 

    2.AINES seletivos

Os AINES seletivos para a COX-2 reduzem a inflamação de uma forma mais pronunciada, possuindo menor ocorrência de efeitos adversos gastrointestinais. Entretanto, eles também apresentam um risco aumentado de ocorrência de eventos cardiovasculares.

Como exemplos de AINES seletivos temos os “coxibes”: celecoxibe, valdecoxibe e rofecoxibe. Esses medicamentos são indicados para doenças crônicas como osteoartrite e artrite reumatoide.

 

Efeitos adversos dos AINES

Para quem está buscando estudar sobre anti-inflamatórios não esteroides, é importante saber dos efeitos adversos dos AINES. Além dos efeitos colaterais citados, os AINES podem apresentar risco aumentado de ataque cardíaco e infarto em pacientes com histórico de doença cardiovascular, bem como podem aumentar o risco de doença renal e causar reações de hipersensibilidade em pessoas alérgicas aos compostos dessa classe.

Portanto, é necessária uma avaliação médica sobre qual AINE é melhor para cada situação e, mesmo sendo medicamentos comuns, os cuidados devem ser os mesmos que com outros medicamentos.

O uso inadequado aumenta o risco dos efeitos adversos mencionados, por isso, é necessária a orientação no momento da dispensação.

 

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Referências:

 

  1. Brunton, L.L. Goodman & Gilman: As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 12. ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2018.
  2. Katzung, B.G. Farmacologia Básica e Clínica. 10. ed. Rio de Janeiro: Artmed/Mc- Graw-Hill, 2017.
  3. WHALEN, K. Farmacologia Ilustrada. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.7.
  4. Dr J Sylvester. Anti-inflamatórios não esteroides. Anaesthesia Tutorial of the Week. 2019. Disponível em: https://www.sbahq.org/resources/pdf/atotw/405.pdf
  5. Pharmafactz. Disponível em: https://pharmafactz.com/member-nsaids/

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