Os anti-inflamatórios se dividem em duas grandes classes: os AINEs (anti-inflamatórios não esteroidais) e os glicocorticoides (anti-inflamatórios esteroidais).
Não ser esteroide significa que não há componentes esteroidais hormonais na composição de tais medicamentos.
Neste e-book, teremos os mapas apenas dos AINEs. Os glicocorticoides serão abordados em outro e-book.
Vamos explorar os principais pontos-chaves que nos farão entender melhor os AINEs e que nos darão mais segurança na hora de indicar e orientar os pacientes acerca do uso desses fármacos.
CLASSIFICAÇÃO DOS AINES
Uma das coisas que mais confundem os estudantes e profissionais é entender a classificação dos AINEs e como eles estão divididos.
Sem entender isso é impossível construir uma linha de raciocínio que nos permita fixar seus principais usos clínicos e, mais importante, seus riscos.
Algumas pessoas e livros preferem aprender a classificação dos AINEs levando em consideração a sua estrutura química (Mapa 1). Essa classificação tem usa utilidade, porém essa pouco nos ajuda na prática com esses medicamentos.
As diferenças químicas nos permitem classificar os AINEs pela sua semelhança estrutural, mas não nos ajudam na hora de entender melhor seus usos clínicos e nem seus efeitos colaterais.
A forma que eu mais gosto de entender e classificar os AINEs é por sua seletividade pela COX (Mapa 2).
Os AINEs atuam inibindo tanto a COX-1 como a COX-2, que são enzimas que trabalham na formação das prostaglandinas no processo inflamatório.
Entender isso vai nos ajudar a fixar com maior facilidade quais são os benefícios e, consequentemente, os riscos de cada AINE.
Abaixo, eu trago as duas classificações mais usadas, e você pode escolher qual se encaixa melhor para você.
TIPO DE AÇÃO DOS AINES
Os AINEs, inclusive o AAS, realizam três ações terapêuticas principais:
- reduzem a inflamação (efeito antiinflamatório);
- reduzem a dor (efeito analgésico);
- reduzem a febre (efeito antipirético).
Entretanto, nem todos os AINEs são igualmente potentes em cada uma dessas ações.
Veja no mapa cada uma dessas funções.
MECANISMO DE AÇÃO DOS AINES
Para entender o mecanismo de ação dos AINEs você primeiro precisa entender a cascata do ácido araquidônico.
É impossível aprender os AINEs sem esse conhecimento prévio.
O ácido araquidônico é um componente normal das nossas membranas celulares.
Vou dividir a cascata em 2 passos:
- Quando nossa membrana celular é lesada (estímulo celular), acontece a ativação da fosfolipase A2, que converte os lipídeos presentes na membrana fosfolipídica em ácido araquidônico. Nesse momento, temos o início da cascata.
- A partir do ácido araquidônico, acontece a formação dos leucotrienos, pela via da lipoxigenase (LOX), e das prostaglandinas, pela via da cicloxigenase (COX).
Cada um deles tem o seu papel dentro do processo inflamatório e é por isso que eles são formados nesse momento.
Entenda as funções de cada um desses elementos.
- LEUCOTRIENOS
- Quimiotaxia;
- Vasoconstricção;
- Broncoespasmo;
- Aumento da permeabilidade vascular.
Todos são importantes para o processo inflamatório acontecer.
2. PROSTAGLANDINAS
Quando a via da COX é ativada, são produzidos diversos tipos de prostaglandinas e também tromboxanos.
Quem são elas? E quais suas funções?
PGI2 (prostaciclina):
- Vasodilatação;
- Redução da agregação plaquetária.
PGD2 , PGE2 , PGF2α:
- Vasodilatação;
- Edema;
- Agem principalmente nas células uterinas promovendo contração uterina (cólicas menstruais).
Tromboxano A2 (TXA2):
- Vasoconstritor;
- Aumenta a agregação plaquetária (trombogênico).
Agora, você deve estar se perguntando:
“Onde entram os AINEs nessa história toda?”
AINEs fazem a inibição da COX, ou seja, inibem a produção das substâncias produzidas na via da COX (prostaglandinas e tromboxanos).
Inibindo a formação dessas substâncias, todas as funções também são inibidas e a inflamação pode ser controlada.
TIPOS DE COX
Duas isoformas relacionadas à enzima COX já foram descritas:
COX-1 (PGHS-1) e COX-2 (PGHS-2).
As isoformas COX-1 e COX-2 possuem 60% de homologia nas sequências de aminoácidos aparentemente conservadas para a catálise do ácido araquidônico.
Uma terceira COX vem sendo estudada. Essa enzima, originalmente denominada COX-3, é uma variante de splice de COX-1, denotada COX-1b.
A relevância dessa isoforma ainda não está clara.
No mapa abaixo, eu trouxe o mecanismo de ação dos AINEs e também o papel que os diferentes tipos de COX exercem no nosso corpo.
Vale lembrar que as COX não estão presentes apenas quando a inflamação acontece. Elas também fazem parte naturalmente e desempenham funções importantes em alguns órgãos do nosso corpo.