Quinolonas: saiba sua definição, mecanismo e principais usos clínicos

Neste artigo, apresentamos um guia completo sobre as quinolonas e seus aspectos clínicos mais importantes

Por Emilly Carvalho
1 min

As quinolonas (ou fluoroquinolonas, termo relacionado a sua estrutura química) são uma classe de antimicrobianos muito usada na clínica, possuindo inúmeras indicações clínicas. Ao longo dos anos, vários análogos das quinolonas foram sintetizados e o conhecimento sobre essa classe foi ampliado. Hoje, iremos discutir sobre os principais aspectos das quinolonas. Veja abaixo os temas que serão abordados:

 

  1. Introdução
  2. Mecanismo de ação das quinolonas
  3. Indicações das quinolonas
  4. Reações adversas das quinolonas
  5. Observações importantes

 

Introdução

As quinolonas (ou fluoroquinolonas) recebem esse nome pois são derivadas da molécula básica 4-quinolona, que contém um átomo de flúor em sua estrutura. Elas são antimicrobianos altamente eficazes e com propriedades farmacocinéticas vantajosas, incluindo alta biodisponibilidade oral, grande volume de distribuição e atividade antimicrobiana de amplo espectro.

A primeira quinolona, o ácido nalidíxico, foi isolado como subproduto da síntese da cloroquina e foi disponibilizada para o tratamento das infecções do trato urinário. A introdução das quinolonas fluoradas, como o ciprofloxacino e o moxifloxacino, representou um avanço terapêutico importante.

Representantes das quinolonas: ácido nalidíxico, norfloxacino, ofloxacino, levofloxacino, moxifloxacino e ciprofloxacino.

 

Mecanismo de ação das quinolonas

As quinolonas são antimicrobianos bactericidas que inibem diretamente a síntese bacteriana de DNA, tendo como alvo as enzimas bacterianas DNA-girase e topoisomerase IV. Para as bactérias gram-positivas (como o Staphylococcus aureus), a topoisomerase IV é a principal enzima inibida pelas quinolonas. Em contraste, para as bactérias gram-negativas (como a E. coli), o principal alvo é a DNA-girase.

 

Indicações das quinolonas

Como já mencionado, as quinolonas possuem diversas indicações, sendo o uso no tratamento de infecções do trato urinário o mais comum. Abaixo, selecionei essa e outras indicações clínicas de importância:

 

a) Infecções do trato genito-urinário:

Quinolonas como o ciprofloxacino, o levofloxacino e o norfloxacino podem ser usados no tratamento de infecções do trato gênito-urinário. Entretanto, outras opções de primeira linha são preferidas, como a nitrofurantoína, o sulfametoxazol + trimetoprima e a fosfomicina.

 

b) Infecções do trato gastrintestinal:

Todos os patógenos bacterianos conhecidos como causadores de gastroenterites são suscetíveis às quinolonas. Doenças que podem ser tratadas por elas incluem diarreia do viajante, shigelose e infecções causadas por C. jejuni.

O ciprofloxacino é uma quinolona indicada para esses quadros.

 

c) Infecções do trato respiratório:

Embora algumas quinolonas tenham atividade contra certos patógenos que afetam o trato respiratório, a experiência clínica com seu uso nesses casos é limitada e sua potência é muitas vezes menor do que a de outros antimicrobianos de primeira linha (amoxicilina e azitromicina, por exemplo).

O levofloxacino e o moxifloxacino podem ser usados em casos de infecções do trato respiratório, pois são ativos contra patógenos respiratórios comuns (Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae, Moraxella catarrhalis, entre outros). Entretanto, como já mencionado, eles não são o tratamento de primeira linha.

 

d) Osteomielites:

As quinolonas podem ser usadas no tratamento de osteomielite crônica. Esse quadro requer a administração prolongada de antimicrobianos e as quinolonas são boas opções devido a sua disponibilidade por via oral.

O ciprofloxacino e o levofloxacino são antimicrobianos utilizados nesse quadro.

 

e) Infecções nas partes moles:

As quinolonas podem ser usadas no tratamento de infecções de pele e de tecido celular subcutâneo complicadas (úlceras crônicas e pé diabético, por exemplo). 

Ciprofloxacino, levofloxacino e moxifloxacino podem ser utilizados nesses casos.

 

 e) Infecções por micobactérias:

As quinolonas também apresentam boa atividade contra micobactérias, especialmente o ciprofloxacino e o levofloxacino. Elas são ativas contra M. tuberculosis, M. fortuitum e M. kansasii

Entretanto, deve ser ressaltado que as quinolonas são menos efetivas que outros agentes de primeira linha.

 

Reações adversas das quinolonas

Os efeitos adversos mais comuns das quinolonas são leves e incluem: distúrbios gastrointestinais, dores de cabeça e tonturas. Elas são geralmente seguras e bem toleradas, mas podem acarretar o risco de efeitos adversos graves, como infecção por Clostridioides difficile, tendinopatia e neuropatia. Logo, o uso de quinolonas é tipicamente reservado para casos em que os benefícios superam claramente os riscos.

Efeitos adversos menos comuns, mas potencialmente graves, incluem tendinopatias e ruptura de tendões, neuropatia periférica e prolongamento do intervalo QT. Por isso, deve-se evitar o uso de quinolonas em pacientes com tendinopatias e neuropatias conhecidas e em pacientes com intervalos QT prolongados ou que tomam outros medicamentos que prolongam o intervalo QT. 

 

Observações importantes

  1. As quinolonas geralmente devem ser evitadas durante a gravidez e a lactação, a menos que uma alternativa mais segura não esteja disponível.
  2. O uso rotineiro de quinolonas sistêmicas deve ser evitado em crianças devido ao risco potencial de toxicidade musculoesquelética (relacionado ao risco de tendinopatias).

 

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Referências:

 

  1. Antimicrobianos – Bases teóricas e uso clínico. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo1/propriedades.htm
  2. Uptodate. 
  3. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. Goodman & Gilman. Brunton, Laurence L. Editora McGraw-Hill, Artmed, 12ª edição, 2012.

 

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