Os antibióticos possuem inúmeras classificações, mas hoje iremos focar na sua divisão entre dois grupo: antibióticos bactericidas e bacteriostáticos. Veja abaixo o que iremos aprender:
Antibióticos Bactericidas
O antibióticos bactericidas matam as bactérias diretamente. Você pode se lembrar dessa palavra porque o sufixo ‘cida’ significa matar, como nas palavras suiCIDA, homiCIDA.
Mas, como os antibióticos bactericidas realmente matam as bactérias? Bem, existem muitos antibióticos diferentes, todos com mecanismos diferentes, e você pode aprender mais sobre eles em outros textos que virão a frente.
Como exemplo desse grupo temos os antibióticos beta-lactâmicos (penicilinas, cefalosporinas, carbapenêmicos, entre outros). Esse grupo age interrompendo a síntese da parede celular. Sem parede celular as bactérias não vivem.
Lembre-se: duas formas que os antibióticos podem matar a bactéria – lesando a parede celular ou impedindo a formação do DNA (quinolonas, metronidazol e rifampicina são exemplos com esse mecanismo de ação) que são duas coisas vitais para a bactéria manter-se viva. Então, antibióticos que afetam partes vitais da bactéria, são bactericidas.
Antibióticos bacteriostáticos
Em contraste com os antibióticos bactericidas, os antibióticos bacteriostáticos impedem o crescimento das bactérias. Esta palavra também é fácil de lembrar: as bactérias não morrem, mas também não podem crescer ou se replicar, ou seja, ficam estáticas.
Então, como os antibióticos bacteriostáticos ajudam a limpar uma infecção, se eles não matam as bactérias? Bem, as bactérias normalmente se dividem muito rapidamente em nosso corpo, e seu número pode ficar totalmente fora de controle. Logo, se um antibiótico impedir essas bactérias de crescerem e se dividirem o hospedeiro pode ser capaz de se livrar da infecção. Entretanto, ainda não existem estudos que realmente comprovem essa teoria.
A tetraciclina é um exemplo de antibiótico bacteriostático, ela inibe o ribossomo bacteriano, de modo que nenhuma nova proteína pode ser produzida. Esse mecanismo não mata as bactérias, pois elas já têm as proteínas que precisam para sobreviver por um tempo, entretanto, elas não podem se replicar, porque precisam fazer toneladas de novas proteínas para fazer uma célula bacteriana totalmente nova.
Outra classe de antibióticos bacteriostáticos são as sulfonamidas (ex: sulfametoxazol e sulfadiazina). Essa classe evita a produção de metabólitos importantes de que a bactéria precisa para fazer novos DNA, RNA e novas proteínas. Novamente, isso não mata as bactérias, mas não há como elas se replicarem e criarem novas bactérias sem maquinaria celular (proteínas e material genético).
Algumas observações:
Os efeitos bactericidas e bacteriostáticos dependem de vários fatores, incluindo :
1) Carga bacteriana: a carga de bactérias pode alterar as propriedades do antibiótico.
2) O patógeno: certos antibióticos são bactericidas para certos patógenos e bacteriostáticos para outros. Ex: vancomicina: é bactericida contra estafilococos e estreptococos, mas bacteriostática contra enterococos.
3) Localização da infecção: alguns antibióticos são mais eficazes em certas partes do corpo (a vancomicina IV não penetra na mucosa gastrointestinal, a tigeciclina não atinge altas concentrações na corrente sanguínea, etc.)
4) Alguns antibióticos podem ser bacteriostáticos e bactericidas, dependendo da dose, da duração da exposição e do estado da bactéria invasora. Ex: aminoglicosídeos: a taxa de morte bacteriana aumenta com o aumento da concentração desse fármaco.
Como visto, existem muitas particularidades que precisam ser analisados antes de se escolher o melhor tratamento. Muitas vezes, só pensar se o antibiótico é bactericida ou bacteriostático não tem muita relevância clínica.
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